quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Reveillon, música e identidade


Da sacada, víamos a praia de Camburi, a queima de fogos em Vitória e Vilha Velha e estávamos de frente ao palco montado pela prefeitura para a festa. Diferente. Sem rituais. Não pulei ondas, não comi uvas verdes nem romã, não ofereci nada a Iemanjá. Vi a pirotecnia em silêncio no meu cantinho e fiz uma oração. Tranquilamente. As minhas resoluções para o ano já estavam sacramentadas na minha mente.

Depois da virada, começou o show principal, da banca capixaba Casaca. Minha prima explicou que casaca é o nome de um instrumento tradicional usado na banda. Eu já conhecia alguma coisa, depois de tantos verões por lá. A banda nasceu com algo de forró pé-de-serra e depois se misturou ao congo, um ritmo tradicional na região. O resultado é algo que na primeira audição, nós, desacostumados, associamos ao reggae. Parece um reggae pai-de-santo, pelo modo como as pessoas dançam, como se estivessem incorporando uma "entidade". É legal.

Pesquisando, vi que o congo de lá, tem algo a ver com a congada daqui, famosa em Catalão e Pirenópolis. Como eu nunca tinha visto, precisei ir longe de casa para gostar do ritmo. Eu fiquei quietinha enquanto minha prima "surtava" na areia. Achando tudo muito engraçado e diferente da cultura a que eu estou acostumada.

Nessas horas eu até me lembro dos primeiros semestres da faculdade, da aula de cultura brasileira ministrada por uma professora toda estilosa, ligada nas manifestações culturais, indígenas, identidades e blá blá blá... Lembram da alteridade? Gilberto Freyre, Roberto DaMata, Peter Fry... Lembro também da minha primeira reportagem para o Jornal UFG, sobre a 25ª Reunião Brasileira de Antropologia, sediada em Goiânia. A primeira vez que eu tive credencial de imprensa, fui a um coquetel e encontrei grande parte desses autores que eu tinha lido na aula.

Saudade. Quatro anos depois, formada, lá estava eu pedindo um emprego para o ano novo. Enquanto não vem emprego e pauta, eu fico aqui postando no blog.


7 comentários:

Anônimo disse...

Às vezes precisamos ir tão longe para encontrar coisas que fazem parte de nossa vida e nem percebemos.
Acho que o Espírito Santo foi um lugar de auto-conhecimento. Gosto do caráter leve que os textos ganharam.

(E deu até saudade das aulas da Izabela, juro!)

=)

Anônimo disse...

dessa vez nem conversei com o ano novo. estava ocupado comendo salada com maçã! :D

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

eu leeeembro do tio Roberto DaMata hahahaha
"Porque a gente só se reconhece quando reconhecemos o outro" =P
Izabela Tamaso fez uma difereeeença na minha vidinha....

anãããão tia, essa viagem te fez um beeeem. ^^

Rodrigo Vilela. disse...

Eu ainda acredito que iremos passar um Reveillon maravilhoso juntos, em uma praia e com direito a muito champagne. hehe...
obrigado por sempre me ouvir.

beijos.
adoro seus textos.

Unknown disse...

Pois é...
Parece q foi legal a sua viagem!
=D

Izabela Tamaso disse...

Ana Paula, sabe que gostei do "estilosa"???? Também gostei do seu texto e de saber que você (e pelo que li Luti também) ainda se recorda e aciona autores e idéias para suas reflexões contemporâneas!!!
Abraço.