terça-feira, 31 de março de 2009

Só um desabafo II, o retorno

Outra da série "Escutei conversas de terceiros":

No elevador, em Brasília, dois homens conversando:

- As pessoas só precisam de carinho. Se você deu carinho para preencher a vida daquela pessoa, pronto, você conquistou.
- É verdade.

Não, eles não eram gays.

Talvez equilibre o choque que eu causei nas minhas amigas com as declarações ouvidas anteriormente.

P.S.: Eu e essa minha nova mania de escutar conversas alheias. Jornalista tem que ser curioso, não? Considero qualidade primordial na minha profissão; o que seria de nós sem o movimento de querer saber? Nada. Portanto, continuarei ouvindo... rsrsrs

sexta-feira, 27 de março de 2009

Agora sim, um texto de verdade: Brasília II

Dois meses morando em Brasília. Por enquanto, algumas certezas e muitas dúvidas.

Certeza de que eu fui abençoada e sortuda porque consegui um emprego muito bom e que me abre muitos caminhos; mas isso não é apenas quanto a mim. Uma forte impressão sobre a cidade é a de que ela é cheia de oportunidades. O desenvolvimento começa aqui, mas isso não é novidade nenhuma, tanto é que já me acostumei com o jeito carioca, a saudade dos goianos (que não é só minha), o sotaque nordestino e os olhos azuis vindos do sul.

Brasília parece não ter identidade de povo; o que não significa que não a tenha. Tem uma identidade burocrática, que só remete ao poder, às decisões administrativas e políticas tomadas aqui e que afetam o país, por que não dizer, o mundo. Isso influencia o povo, que se torna também burocrático, não dá bom dia no elevador, não conversa na estação do metrô e não faz questão de ser simpático. A não ser, é claro, que a pessoa em questão não seja um mortal qualquer assessor de comunicação da associação de sei lá quem; seja filho do fulano do ministério tal, sobrinho do deputado que vota aquela lei ou amigo do cara do Banco Central.

É cinza. Ainda não vi o sol aqui; um sol bonito, que brilha. É cinza nos dois sentidos, no metafórico e no real. Além da cinzenta frieza humana sobre a qual falei, aqui tá nublado todo dia, chove e faz frio, muito frio. O cinza contrasta com a arquitetura impecável dos altos prédios da capital federal. Outro elemento da identidade brasiliense: as construções suntuosas, transbordando decisões, negócios, problemas e política pelas janelas.

Aqui é assim, e eu tô cada dia mais parte dessa coisa horrível. Por isso que eu vou pra Goiânia todo final de semana, e nunca quero voltar.


Só um desabafo

Essa semana andei demais por aí e escutei duas frases que me chamaram atenção sobre uma causa que eu milito há alguns meses: a valorização da mulher por parte do homem.

Frase 1: "Ah, essa é só pra ir pra contabilidade!"

Frase 2: "Essa aí ele pegou lacrada!"

Pelo amooooooooooooor de Deus, onde está o respeito, o romantismo, a delicadeza?

A minha frase é: vai pro blog! Cuidado....

quarta-feira, 25 de março de 2009

De repente 30

Diferentemente da mocinha do filme homônimo ao meu post, que, de repente, se vê voltando ao tempo e adotando comportamento de uma menina de 12 anos de idade, eu acabo de perceber que adiantei minha vida. De repente, me sinto com uma enorme responsabilidade de adulta, tipo, com 30 anos.

De repente, eu sou testemunha ocular de uma medida que muda a vida de milhões de pessoas do país, e estou lá justamente quando o ministro apresenta as mudanças para a Associação em que trabalho; em primeira mão, claro.

Naquela sala, decidia-se sobre o futuro da educação no país; e eu sentia o peso de ser adulta e jornalista, responsável, em parte, pela mediação dessa informação para a imprensa nacional. Enquanto escrevo esse post, Fátima Bernardes dá a manchete no Jornal Nacional (sério!).

Depois de horas de reunião, chega alguém que informa ao ministro: a imprensa está esperando. Aí sim, ele e o presidente da entidade em que trabalho foram para a sala de coletivas do MEC, e os outros jornalistas da face da terra tiveram acesso à informação. rsrsrs Tá bom, eu sei que eu tô empolgada; mas é muito interessante sentir a responsabilidade social do jornalismo, o poder da informação e o poder que você tem sobre ele. A partir daí, meu celular não parou de tocar; com direito a produtora do Fantástico, gravação no SBT, entrevista para a CBN.

Parte II
Ok, superada essa fase, comi alguma coisa em 30 minutos e fui para a primeira de três reuniões que tinha na Câmara dos Deputados. Vem de novo o ministro, falar com o presidente da Casa, e lá estava eu disparando flashes entre milhões de outras máquinas, fotógrafos, jornalistas, assessores. Pelos corredores da Câmara, imagino quantas pessoas importantes, poder, decisões, lutas e caminhos rolam junto comigo naquelas esteiras que ligam os vários anexos do complexo dos deputados.

Sabe, nessas horas, dá até pra sentir um alívio em ter escolhido fazer uma coisa importante e emocionante, para o resto de sua vida.

P.S.: Só uma dúvida: eu tenho 21. E quando tiver 30 de verdade???