quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Carteira de motorista

É deprimente perceber que você não escutou o que suas amigas te falaram e esteve cega a todos aqueles sinais vermelhos escancarados na sua frente. Seguiu em frente, não parou nas faixas de pedreste e não prestou atenção nos sinais amarelos. Bateu. Quebrou a cara e se despedaçou. Mais uma vez.

Quantas vidas haverá para serem arrebatadas? Quantas vezes se permitirá tal violência? Quantas vezes o seguro pagará o prejuízo do seu carro? Quantos atropelamentos movimentarão a esquina da sua casa?

Só um pedido. Antes que eu saia de carro, meninas, não apenas me avisem. Escondam as chaves. Me dêem os restos dos tarjas pretas que carrego na bolsa e me coloquem pra dormir. Não apenas me avisem, educadamente. Gritem, me obriguem. Me impeçam de cometer uma imprudência.

Eu sei, eu ainda não tenho licença pra dirigir. Quando eu crescer, talvez eu tenha uma. Por isso eu peço carona. Não me deixem sair de carro.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Alanis Morissette

Antes mesmo da notícia de que me mudaria para Brasília, eu já tinha um compromisso na cidade: o show da cantora internacional da minha pré-adolescência/adolescência, Alanis Morissette. O seu primeiro cd, Jagged Little Pill, lançado em 1995, quando eu tinha 8 anos, chegou em minhas mãos em 1996, quando minha irmã completava 15 anos e numa dessas tradicionais viagens de debutantes, uma amiga trouxe pra ela dos EUA. Pra mim a menina trouxe uma lapiseira da Disney, que eu logo perdi; e a Alanis eu ganhei pro resto da vida.

Esse cd foi o maior legado que minha irmã me deixou (um dia tenho que dedicar um post à complicada relação que eu tenho com ela). É claro, com 9 anos, eu não entendia direito o teor daquilo que é a coisa mais rock da minha vida: Alanis Morissette. Um parêntese aqui pra eu reconhecer o quanto é estranho, eu, pagodeira e micareteira, gostar de Alanis. Ins't it ironic? Don't you think? A little too ironic? YEAH, I really do think.

Eis que, depois de descobrirmos que a Alanis também foi um legado da irmã mais velha na vida da Marília, lá fomos nós, carregando a Luti e o Felipe, para o primeiro show internacional de nossas vidas. Uma do lado da outra, nós acabamos com as cordas vocais e a emoção que existia dentro da gente. E eu, com um pouco de uma cerveja recém-descoberta na capital federal, um dia eu conto dela.

Demorou muito pra gente acreditar que tinha visto aquela diva cantar com uma voz única, igualziiiiinha à dos cds, e gestos revoltados como uma explosão que todos nós queremos explodir, you oughta know... And I'm here to remind you of the mess Alanis left when she went away. Até hoje estou passada com a força de suas canções. Foi dos melhores shows da minha vida e um perfect início de vida social em Brasília, que venham mais programas interessantes.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Brasília



A vida tem dessas coisas. Desesperada com o iminente desemprego, vi meu desespero se transformar num curto espaço de uma semana. Fui à Brasília numa terça-feira fazer entrevista. Me ligaram na sexta: "Você começa segunda-feira, às 8h"; "Obrigada, até segunda". De repente, comecei uma mudança de tamanho inimaginável; naquele momento, só sentia empolgação porque tinha conseguido um trabalho.


Antes, Brasília me lembrava apenas turismo, além de corrupção, é claro. Depois de formada, eu dizia querer mudar pra qualquer lugar, num ímpeto desafiador de horizontes que nunca tinha me tomado. Porém, quando falava isso, eu pensava em Vitória, que é minha segunda casa. E não numa cidade totalmente estranha, de atmosfera pesada, que respira poder, política, dinheiro e trabalho, muito trabalho.

Desde sempre acostumada com mudanças, comuns na infância devido ao trabalho do meu pai, e na adolescência devido aos meus estudos, lá fui eu, corajosa. Com medo, porém animada, principalmente com o trabalho, que eu estou adorando. Toda a rotina de uma assessoria de comunicação de uma associação nacional, importante, concentrada em mim. Os assuntos que eu já conhecia e gostava, numa perspectiva macro. E eu me desdobrando em mil pra dar conta.
Dá uma sensação de "eu cresci", que vocês não imaginam. Acordar, sair pra trabalhar, ter horário de almoço, salário, vale-refeição, viagens profissionais (esse final de semana já vou pra São Paulo), obrigações, chefe bravo.

Fora o trabalho, que consome boa parte de mim, só saudade. Saudade de uma rotina que eu sei que não volta mais, porque a responsabilidade só aumenta. Saudade de gente na minha vida. Das amizades que eu tinha acabado de consolidar, da liberdade na minha cidade natal, das conversas de liquidificador, dos sempre quase namorados, do shopping com as amigas, da discoteca no estágio, das minhas mães, da casa de bonecas, do ninho, do carinho.

Brasília ainda está muito vazia e rígida. A mais nova empreitada da minha vida é descobrir a Brasília leve e amigas que não sejam as paredes da minha casa.