quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

"Comer rezar amar" ou "Viajar caminhar ...... (amar?)"

O ano começou com a maior crise que ela já tinha visto. Além do comprometimento biológico pelo qual já tinha passado há dois meses, o reveillon foi o mais esquisito de toda sua vida. Apressadamente, planejou uma viagem com sua primeira melhor amiga e um antigo colega de escola das duas, mais alguns amigos que não eram tão amigos assim. Já no destino, decidiu por uma programação com outra antiga amiga, que não via há mto tempo. Resultado: passou alguns momentos divertidos, porém com uma gente estranha, que não mais fazia parte de sua vida. Se sentiu sozinha no meio da multidão do reveillon mais concorrido do estado, que bombava ao som do axé que ela tanto adorava, mas que a partir dali, não mais bastava para lhe garantir o frenesi e a alegria de sempre. No dia 1/1/08, desembarcou de volta em casa, onde não tinha ninguém, e mergulhou no choro, que como vocês já sabem, levou-a a uma peregrinação durante todo o ano em busca de médicos, psicólogos, religiões, pessoas que pudessem ajudá-la.

Muita confusão. Muitos conflitos pessoais. Muita dúvida. Muita imaturidade. Agora, ela gosta de ver que mudou muito; e pra melhor. Que cresceu, evoluiu. Graças às terapias, também. Mas especialmente, graças à pessoas. Apesar de sempre presente, a família que mora em outro lugar, cheia de afazeres, pareceu mais longe do que o normal. E aí entraram os amigos. Ela nunca soube cuidar das suas amizades. Embora soubesse fazê-las, deixava de regá-las e perdeu muitas por aí por causa disso. Sorte que aprendeu a tempo de fazer outras.

A Ana ensinou-lhe a comer e beber. Por que ficou tanto tempo se submetendo a regimes malucos? A Isa ensinou-lhe que "a gente tem que se valorizar". Pra quê aceitar tudo? A Dani, que a nossa hora vai chegar, com uma segurança que ela inveja profundamente. A Luti que é preciso ter calma. O que a gente tem o poder de selecionar nossos pensamentos. O Rodrigo que a gente tem que se amar, em primeiro lugar. E esse é só um breve (muito breve!) resumo da ópera. Se tem uma coisa que ela sempre soube, mesmo em meio às crises, é como ser aprendiz. Tenham a certeza de que ela aprendeu uma coisinha que seja com cada um que conviveu. E agora se sente grande, forte e com vontade de abraçar o mundo e ser feliz.

O segundo semestre veio com um ensaio de carinho, o sucesso acadêmico (quiçá profissional) e uma grande alegria de ser ela. Além disso, um livro. Santo livro. Tão santo que o elegeu como sua bíblia daqui pra frente. Terminou de ler e na mesma hora começou de novo. Por isso não poderá emprestar para todo mundo que havia prometido (sorry!). "Comer rezar amar" é um conjunto de 108 pequenos relatos de Liz Gilbert, uma jornalista (como ela!) bem sucedida, bonita, casada, inteligente, que durante um ano passa pela Itália (comer), Índia (rezar) e Indonésia (amar) numa intensa busca pessoal por equilíbrio, depois de um divórcio doloroso, muito choro e remédios (já viram esse filme antes né?). Não é auto-ajuda, é crônica. Trata logo de avisar para aqueles que acham que o livro será chato.

Liz Gilbert tornou-se mais uma de suas amigas, com quem ela está sempre aprendendo, claro. Tanto que partirá para uma viagem, em escala muito menor, diga-se de passagem, já que não tem o dinheiro de Liz. Vitória é o destino e a praia de Camburi será como o ashram, lugar sagrado de meditação dos indianos. Caminhar na praia, tentar meditar (apesar de saber que não é simples assim), renovar suas energias e se encontrar são suas únicas preocupações. Incrivelmente, ela sente um presságio de que será tão bom, e de que o futuro te reserva tantas surpresas agradáveis, que já sente uma dose de felicidade.

Ela promete inclusive uma tentativa de "Comer rezar amar" nesse blog, guardadas as devidas proporções, é lógico. E que venha o ano novo, a busca pelo equilíbrio, as mudanças, a paz e o amor.

domingo, 14 de dezembro de 2008

E aí, gata?

- Oi linda, posso te conhecer?
Sem tempo para resposta, já vem ele se apresentando. Então por que pergunta?
- Eu sou o João, muito prazer!
- Maria, prazer. Já de saco cheio com o milionésimo João da sua vida, que provavelmente vai conversar 15 minutos (se é que consegue emplacar um papo) pedir um beijo e ficar perguntando o resto da noite porque você não pode ficar com ele.
- O que você faz da vida?
- Faço jornalismo.
- Que legal! Na Alfa? Sim, porque o estereótipo predominante é de que nerds (?) não vão para a balada...
- Na UFG.
- Noooooooooooooooooooooooossa!!!! Além de linda é inteligente!!
- Hehehe. Sorrisinho sem graça.
- O que eu faço pra ganhar um beijo seu?
Ai meu Deus, ela tem mesmo que perder seu tempo respondendo isso?
- Dá licença, vou ali pegar uma cerveja.
Tenho certeza de que eu e algumas das minhas amigas não somos as únicas cansadas desse papinho. E olha que provavelmente esse cara era um gato. Mas como diz meu sábio professor de cinema, "Mulheres inteligentes não suportam homens medianos". A minha mãe e aquelas tias de sempre começam a dizer que eu sou exigente demais. É exigir demais querer alguém que vá além desse papo superficial?
O meu amigo Zé diria que são os lugares que eu frequento, e que ele já tinha me avisado, me falado pra não ir mais. Tudo bem, então diga-me onde ir. Diga-me onde encontro alguém mais profundo do que os "o-que-você-faz-da-vida?" que eu topo por aí.
Estou incomodada com a revolta que assola algumas mulheres muito interessantes, simpáticas e bonitas que eu conheço. Elas ficam descrentes. Perdem a esperança e a alegria na busca pelo amor. Por fim, desistem. E agora os homens começam a reclamar que elas é que não querem compromisso, estão com mania de independência e aversão à compromisso.
Só não percebem que eles nos deixaram assim, calejadas. Quando disseram "confia em mim" e procederam à toda sorte de ações que nos fizeram perder a confiança. Quando disseram "não estou preparado para algo sério agora", supondo que a gente suporte aquela enrolação vai-não-vai que só beneficia eles mesmos, que não se apegam e conseguem ir e voltar quando bem entendem.

Apesar dos calos, eu, pelo menos, ainda não me entreguei. Apesar da época rivotril, depressão e eu-quero-sumir, ainda espero coisas boas da vida. Ainda aguardo surpresas, pessoas interessantes, lugares legais, amizades profundas. Ainda quero buscar e espero que encontre antes de me cansar. E agora, depois das técnicas neurológicas, psiquiátricas e psicológicas, eu tenho outra tática: alegria. Achar graça disso tudo. Me divertir. Rir do gato na balada e responder que sou estudante de astronomia. Rir, até da dor, do sofrimento e daquele rolo com um carinha que eu queria por tudo namorar, mas que não podia assumir essa responsabilidade naquele momento. ahahahahahaha
P.S.: Aqui encerra-se a era dos posts depressivos, em crise existencial e melosos. Espero. =****

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Ano novo

Depois da chamada que eu levei na conversa mais tensa da história da minha terapia, comecei a pensar no ano novo. Sabe aquele papo clichê de arrumar a vida, pagar as contas, dar faxina nos armários, jogar coisas fora e fazer uma lista de resoluções para o próximo ano? É, pois é. Pela primeira vez na vida (que eu me lembre) estou empenhada na "reconfiguração" da minha humilde existência.

Ao contrário das típicas metas de conseguir emagrecer, parar de fumar, mudar de trabalho ou estudar para algum concurso, no meu caso, a reforma é de dentro pra fora. Preciso arrumar a minha personalidade, fazer uns reparos, mudar alguns comportamentos. Aceito sugestões na busca das seguintes metas:

* Curso de maldade
Onde eu aprendi a ser tão boazinha? Sabe aquela comunidade no orkut "bonzinho só se fode"? A minha foto poderia ser capa. Eu sou a personificação da não-ação. Difícil e triste assumir isso, mas eu simplismente acabo deixando todo mundo passar por cima de mim e das minhas vontades. A resolução é: aprender a se posicionar, ser firme. Dizer o que quer, o que pensa e exigir respeito. Aprender a dizer não. Essa é a primeira resolução e, na minha opinião, a mais desafiadora.

* Ioga
Essa meta é parte de uma maior, de cultivar a minha espiritualidade. Talvez eu não faça ioga de verdade, mas comece a meditar, refletir. Arrumar tempo para organizar meus pensamentos. A ioga parece um método interessante. Preciso cultivar a mim mesma, me entender, buscar o auto-conhecimento que me faz tanta falta. Viajar na minha personalidade em busca de uma alma mais leve, menos ansiosa e mais serena.

* Amor
Eu quero sentimento profundo, com todas as implicações que vêm com ele, tipo dor e sofrimento. É pra ocupar o coração mesmo, fazer bater mais forte, disparar. E isso não é apenas a minha eterna busca por um namorado. É a busca por amor, simples assim. Amizade intensa, consideração, companheirismo, elogios, presença.

* Desistir de procurar um namorado
Depois de tantas tentativas, eu quero desistir. Parar de me preocupar com isso. Colocar essa meta lá no fundo das prioridades; o que não contradiz a resolução acima, amor eu continuarei procurando.

*Aprender a ser amiga da solidão
Eu realmente admiro quem consiga pronunciar essa palavra de forma tão tranqüila. Só de pensar nela vem uma corrosão por dentro e uma avalanche de lágrimas prontas para escapulirem. Enfim, já que é a minha realidade, tenho que me acostumar a ela. O que não quer dizer acomodar ou gostar dela, nem tanto. Lidar com ela. Não me desesperar cada vez que penso que sou sozinha nem acreditar que eu vou ser pra sempre.

São tantas coisas tão profundas. A boa notícia é que eu sei por onde começar. Em breve falarei sobre as táticas concretas na busca desses objetivos. E aceito sugestões.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Eu sou mesmo exagerada.

Eu sei, mas eu sofro assim mesmo. Eu sei que a distância pode ser boa, que é preciso saudade às vezes. Mas eu já tô com medo dela, como sempre. Medo.

Eu sou exagerada. Exagero nas emoções, nos sentimentos. Porque por muito tempo já os reprimi sob o lema maior de ser durona, fria e calculista como uma personagem machadiana que tem uma frieza incalculável. Mas não dá. Eu tento ficar calma. Eu tento deixar rolar. Mas como?

Simplesmente não consigo. Simplesmente acho lindo passar o sábado com ele e a partir daí ser normal querer isso sempre pra mim. Já que eu tô cansada da personalidade durona que fingi sustentar por muitos anos.

Não dá pra ser frágil, brega e sentimentalista? Eu quero ficar preocupada porque ele vai à festa sem mim e quero que ele também fique porque eu também vou sem ele. Dá licença, posso? Quero as borboletas no estômago, pernas bambas e coração disparado. Quero escutar letras de músicas românticas e me identificar.

Pena é que eu ainda resisto, um pouquinho, em sentir tudo isso com um recalque de razão; pelo medo (de novo) de sofrer demais depois.

Domingo

Designs de máscaras para a decoração da festa da sala, atualizações no meu blog e comentários nos alheios, planejamento da balada e tardes namorando vitrines no shopping andam preenchendo a leveza dos meus dias após quatro anos de faculdade. Acabou, simples assim. Sabe, no extrato acadêmico: total de horas integralizadas: 100%!E agora? Agora eu estou adorando o período em que eu quero não me preocupar com o emprego, só com a formatura. Afinal de contas, um passo de cada vez né?

Mas por que a gente descobriu tão tarde como ser turma? Eu necessito de turma, de gente ao meu redor. Já até avisei que minha casa tá liberada... E tudo que eu mais quero agora é pensar que a gente aprendeu mesmo e nunca mais vai esquecer essa lição. Tenho medo de não encontrar mais amigos por aí e vontade de guardar pra sempre os que encontrei até agora. Tenho medo (sempre!) da solidão. Do vazio do domingo a tarde.

Preenchimento é a palavra! Quero preencher os espaços... Na coluna "profissão", na coluna "amigos", na alma e no coração.


P. S.: E não me mandem desapegar! Nesse momento eu estou muito emocionada, passional e nostálgica pra considerar o desapego em algo/alguém. Eu quero me apegar e tenho dito. Afinal de contas, o árbitro não apitou o final da partida; o campeonato está apenas começando, cheio de emoções.