quarta-feira, 9 de junho de 2010

Envelhecer

Envelhecer é perder o jeito. Coisas que eram muito naturais, de repente tornam-se desafios.

Correr o dia inteiro e pular na cama elástica era normal quando criança. Hoje reclama-se de 15 minutos de esteira e não aguenta uma aula de jump.

Comer pizza, batata frita e refrigerante não traziam culpa nenhuma. Hoje isso é sinônimo de peso na consciência.

Sair pra balada e acordar no outro dia às 6h era super tranquilo na época da faculdade. Hoje é diícil assistir o programa preferido na televisão porque ele vai até mais tarde.

Um dia, a gente arrasou na pista de dança. Hoje o corpo naturalmente endureceu e a gente dança igual tia.

Um dia, tudo isso não era preocupação, era simplesmente vida que a gente vivia mas não tinha noção.

Envelhecer é perder o jeito. Amadurecer é ter consciência disso.

Post de reestreia do projeto "Essa moça tá diferente!"

Eu e minhas amigas Ana Flávia Alberton e Marília Almeida retomamos projeto iniciado há um ano e interrompido por problemas técnicos. Agora temos um blog, juntas: www.mocasdiferentes.wordpress.com.

Quarta-feira é meu dia no "mocasdiferentes", reproduzo aqui o texto de hoje:


Muito prazer

Nunca, quanto perguntada sobre o que eu queria ser quando crescer, respondi “escritora”. Mas quando perguntada sobre o que eu gostava de fazer, sempre respondi “escrever”, para o estranhamento total de qualquer adulto ao redor.

Diários nunca foram pra frente. Folhas de papel rascunhadas a esmo se perdiam. Ficavam os livrinhos feitos na escola porque valiam nota.

Nunca imaginei sequer meu nome assinando o texto de um jornal, queria mesmo era ser professora. O fato é que fui escrevendo, me perdendo e me achando. Nunca pensei em ter um blog, em ter um site ou amigas escritoras com quem filosofo despretensiosamente sobre literatura.

E a verdade é que ainda hoje não penso, apenas escrevo. Escrevo para desabafar, para expulsar o que não cabe em mim. Para devanear, para esquecer e para lembrar.

Escrevo buscando algo que nem sei o quê. Para frente, para o alto. Às vezes encontro, às vezes me perco mais. Pouco importa. Importa mesmo é o movimento, é se sentir viva, porque cada texto é uma revelação de si mesmo, o nu de algum detalhe da alma.

Depois de período moribundo, ressuscito, assim como o projeto “Essa moça tá diferente!”.

Sempre diferente, porém com a mesma pretensão não literária de sempre, o que não quer dizer não pretensão de escrita ou não pretensão de descortinar o mundo pelas palavras. Só quer dizer simplicidade mesmo. Talvez inexperiência, talvez falta de prática. Fora tudo isso, aqui estou eu, muito prazer. Você está convidadíssimo a ler e me dizer o que achou.

P.S.: Ao terminar este post, tarde da noite, abri meu livro preferido do momento e, juro, ao escolher aleotariamente uma das muitas páginas marcadas durante a leitura, achei:

“Escrevo porque encontro nisso um prazer que não sei traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta minha alma falando e cantando, às vezes chorando…” (Clarice Lispector in “Clarice,” de Benjamin Moser)